Polícia identifica dois bandidos envolvidos na morte de sargento no RJ
08/12/2024
A delegacia de homicídios investiga a morte do sargento Marco Antônio Maia e diz que uma das hipóteses é de que os criminosos atiraram porque o reconheceram como PM. Polícia identifica dois bandidos que mataram policial dentro de carro que desceu ladeira abaixo
A delegacia de homicídios investiga a morte do sargento Marco Antônio Maia, que foi encontrado morto aos 37 anos, após tomar um tiro na cabeça na Zona Norte do Rio de Janeiro. Uma das hipóteses é de que os criminosos atiraram porque o reconheceram como PM.
O sargento Maia era casado há quatro anos e tinha dois filhos de outros relacionamentos. Ele estava há 13 anos na corporação e conhecia de perto os riscos da rotina perigosa nas ruas. Para preservar a família, escolheu viver numa cidade de interior, Guapimirim, no Rio de Janeiro, a mais de 50 quilômetros do batalhão.
“Eu falava pra ele: não tem medo de morrer, não? Ele: 'Não. Cara, pára com isso. Para com isso'. Mas, infelizmente, não deu tempo”, diz Larissa.
Ele era agente do GAT, Grupo de Táticas Especiais, especializado em operações de alto risco na cidade do Rio de Janeiro. Em 2016, um morador da Vila Cruzeiro, na Zona Norte do Rio, gravou o sargento Maia carregando nos ombros um policial baleado numa operação. O PM sobreviveu.
Em 2020, Maia levou um tiro na cabeça em um confronto com criminosos. Foi resgatado nas costas de um colega de equipe, entrou em licença e passou por várias cirurgias. Ele voltou ao serviço internamente, sem poder atuar nas ruas. Depois disso, ele se converteu e contava a história de superação na igreja.
"Ele teve um tiro no meio da cabeça e alojou atrás. Atravessou o cérebro dele. Entendeu? É uma coisa assim: eu nunca imaginei que ele fosse sobreviver", conta Kelvyton de Oliveira, amigo e colega de Maia.
Morte do sargento
Na terça-feira (3), Marco Antônio saiu mais cedo do batalhão do Irajá, onde trabalhava, pra buscar um exame na policlínica da PM no bairro vizinho de Olaria, também na Zona Norte.
Na metade do caminho, encontrou uma estrada bloqueada por criminosos, que tinham incendiado três ônibus. Segundo a polícia, o bando tentava desviar a atenção dos policiais envolvidos numa operação que prendeu 13 suspeitos ali perto, no Complexo da Penha, dominado pelo Comando Vermelho.
Sargento Maia foi morto a duzentos metros de uma escola
Reprodução/TV Globo
Com o caminho bloqueado, o sargento fez um desvio por uma rua de casas numa ladeira. Bandidos atacaram o policial com um tiro de fuzil na nuca, a duzentos metros de uma escola estadual.
O Globocop flagrou o carro do PM cercado pelos criminosos. O veículo acaba descendo a ladeira desgovernado e bate no muro de uma casa.
Investigação
Os investigadores analisaram as imagens, colheram impressões digitais deixadas no carro e identificaram, até agora, dois envolvidos no assassinato: Paulo Lucas Da Silva Pereira, conhecido como PL, e André Silveira Das Dores, o Coquinho.
Eles aparecem no flagrante gravado pelo Globocop, juntos, ao lado do carro, com o corpo de Maia.
A Polícia Civil pediu à Justiça mandados de prisão contra os dois criminosos e tenta identificar o resto do bando.
Depois da morte do PM, a Polícia Militar fez uma operação na favela do Quitungo, perto do local do crime, e prendeu sete suspeitos de envolvimento com o tráfico. Foram apreendidos uma arma, rádio transmissor e drogas. A polícia prometeu outras ações na região.
Policiais temem riscos
Além dos problemas de saúde, Maia também enfrentava a resistência de amigos e parentes, que tinham medo e insistiam para que o policial abandonasse a profissão.
“Ele tinha possibilidade de reformar. Não tinha condição. Ele tinha convulsões. Tinha tudo. E ele pediu: 'Não quero. Eu quero voltar a trabalhar. Eu quero ser polícia, eu nasci para ser polícia'”, conta Kelvyton.
Enfrentar o perigo nas ruas - no trabalho e nas folgas - traz medo aos policiais. A viúva do sargento Maia diz que ele nunca recebeu acompanhamento psicológico, mesmo depois de ser baleado há quatro anos.
Esse é um dos maiores desafios da corporação do Rio de Janeiro, que tem mais de 43 mil PMs. No estado, a taxa de suicídio entre os policiais militares é quatro vezes a média nacional. Foram 20 esse ano e 950 estão afastados do serviço por problemas psicológicos.
Policiais que temem os riscos se reconhecem, um na história do outro. “A farda é minha vida. É tudo”, diz Kelvyton.
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